DAS IGREJAS E PRAÇAS MONUMENTAIS
Dentre os recantos pitorescos do Recife, a Várzea ainda se conserva com o mesmo charme que foi sua marca no passado. A Várzea foi sede de uma pequena povoação do século XVI, originária do Engenho Santo Antônio ali fundado nos primeiros anos da colonização por Diogo Gonçalves, em torno do qual gravitavam 16 outras fábricas de açúcar que juntas formavam a chamada Várzea do Capibaribe.
A sua Igreja Matriz, dedicada à Nossa Senhora do Rosário, abrigou a 1ª freguesia suburbana do atual município do Recife, conforme assinala o Livro que dá razão do Estado do Brasil (1612). Na Várzea, segundo o relatório do holandês Adriaen Verdonck (1630), estava "a melhor e mais bela moradia dentre os melhores lugares de Pernambuco e de onde vem o melhor e a maior parte do açúcar".
A Igreja Matriz passou por reformas, entre 1868 e 1872, nada mais restando da primitiva Capela de Nossa Senhora do Rosário.
No final da 1ª metade do século XVII, os 3 principais engenhos da Várzea - São João, do Meio e Santo Antônio - tinham por proprietário João Fernandes Vieira, principal chefe da Insurreição Pernambucana (1645-1654). Foi na Várzea que se estabeleceu, a partir de 1645, o novo Governo de Pernambuco, tendo ali funcionado a Santa Casa de Misericórdia de Olinda, o Hospital Militar e o Senado da Câmara de Olinda. No dizer de F. A. Pereira da Costa, "ali funcionou, enfim, toda a governança e o mecanismo oficial da Capitania de Pernambuco; a povoação da Várzea foi, por assim dizer, a sua capital durante o período da Guerra Holandesa, que se estendeu de 1645 a 1654".
Em 1754, essa povoação registrava uma população de 220 habitantes livres. Na Igreja Matriz uma placa assinala que ali foi sepultado, em 1648, "o bravo Dom Antônio Filipe Camarão, governador dos índios que, com seus arcos e flechas, defendeu a fé e a pátria contra o batavo invasor". Em sua sacristia, escavações recentes desenvolvidas sob a orientação do Deptº de Arqueologia da UFPE, encontraram o cemitério das vítimas das 2 batalhas dos Montes Guararapes (1648 e 1649).
Na Praça da Matriz, o caminhante encontrará 2 igrejas - a de Nossa Senhora do Rosário, ao centro, e a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, que pertencia a uma irmandade de homens de escravos. Apesar do belo frontispício, que conserva as suas características primitivas, esta igreja encontra-se abandonada e em ruínas. No prédio de 2 pavimentos, ao lado, funcionou o Seminário da Várzea.
Vários casarões chamam a atenção para o bucolismo da Várzea dos nossos dias, salientando-se dentre eles o que serve de sede ao Educandário Magalhães Bastos, no final da Rua Francisco Lacerda. Construído em 1897 por Napoleão Duarte, o prédio destinava-se, segundo placa comemorativa, ao "Asylo da Infância Desvalida, de ambos os sexos, fundado e dictado pelo Com. Antônio José de Magalhães Bastos, comerciante que foi nesta cidade".
Ainda nas terras do Engenho São João pode-se vislumbrar, no alto de uma colina, às margens do açude e cercada por jardins, a Casa dos Brennand, um dos mais importantes exemplares da arquitetura em ferro no Brasil.
Trata-se de uma casa em 2 pavimentos, fabricada na Bélgica e adquirida nos Estados Unidos, em 1897, aqui montada em 1902. Sua arquitetura é da área francesa do Vieux Quartier de Nova Orleans. Uma escada em perfis de ferro une as 2 alas da casa, que possui um pátio interno separando os 2 corpos laterais, cercadas de varandas e cobertas por telhas francesas. Caminhando por essas ruas, algumas sem calçamento, por entre sítios plantados com as mais diferentes fruteiras, quintais separados por cercas vivas de papoulas coloridas, tudo faz lembrar a imagem pintada com as cores da lembrança do poeta Joaquim Cardozo.
Na Várzea ainda encontramos o Instituto Santa Maria Mazarello (Ordem Salesiana), o Lar Fabiano de Cristo - Casa de Rodolfo Aureliano, a Companhia de Caridade - Instituto Padre Venâncio, o Cemitério, a ex-sede da Telemar (atual OI), a Cúria Metropolitana (Arquidiocese) de Olinda e Recife, a Companhia Industrial de Vidros (CIV), a unidade da Tramontina (próxima da fábrica da Brasilit), o Castelo de Ricardo Brennand e o Ateliê de Francisco Brennand.
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